Quem vem lá?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pequenos porém sinceros

- Então Má, o esquema é sério. É um hospital-escola. Você só paga a prótese.
- Sério? (olho pra baixo, analiso). Mas será? Tenho um pouco de cagaço...
Entro no consultório. Lá dentro, o médico e o residente. Começo explicar que estou vendo a possibilidade de aumentar meus seios. Os dois me incentivam horrores, dizem que vou ficar linda. Sento na maca e tiro a blusa, o sutiã com bojo. Os dois olham, inclinam a cabeça para contemplar de outro ângulo, e eu ali esperando o veredicto. Um aperta. O outro não ia ficar de fora né, apertou também. (Piadinhas esdrúxulas de feira tipo “apalpou vai ter que levar” pairam em minha cabeça, mas me contenho). Coçam o queixo... Hum... Deixe-me ver de novo...
- Pois bem Marina, seu seio é juvenil. Sugiro que faça um implante de 300 ml.
- Caralho doutor, pra quê tudo isso? Vai parecer que tô segurando ar o tempo inteiro!
- Aqui aparece um monte de baixinha querendo, você tem altura e não quer colocar?
Vou embora com uma pilha de pedidos de exames e confusa. Chego em casa e me olho no espelho de novo... Qual o problema? Sim, realmente deve ser incrível colocar uma blusa decotada e ter o que mostrar, aposentar meus sutiãs com bojo e aditivos “junta tudo”, sair por aí ostentando um par de peitões... Imagine só, correr na areia, cena de filme, meus peitões balangando pra lá e pra cá, eu sorrindo contra o vento... Mas enfim, na vida real eu não sou assim e meus atributos são outros. Por outro lado posso colocar uma blusinha tomara que caia, tudo fica delicado, sem contar que passo super bem nas frestas.
Aí me pego pensando que tenho coisas muito mais importantes para me preocupar, coisas muito mais essenciais a serem aprimoradas em mim. É verdade, o seio cabe na palma da mão, mas é isso, e mais um monte de coisas que me faz ser quem eu sou. E eu não quero ser diferente, gosto assim mesmo: uma perna em X, um dente pra frente e um vasinho que apareceu na batata da minha perna. Foda-se. Essa é a minha cara. Eu é que não vou deitar numa mesa e dizer “Aí doutor, deixe minha perereca com a cara da Angelina Jolie”. É impressionante a capacidade da gente não se aceitar, achar que ficaria melhor com um peito tal, a boca tal. Não precisa ter cabelo liso, tenha o que pensar; Não precisa ter os dentes perfeitos, apenas tenha bom humor e sorria de verdade; Pra quê ficar horas malhando o tríceps para dar tchau sem balançar, use os braços para um abraço forte e verdadeiro. Pernas bem torneadas? Beba e se divirta muito num bar e depois vá ao banheiro e faça xixi sem encostar no vaso!
Não voltei mais ao consultório. Sim eu tenho os seios pequenos. O que não tem nada a ver com eu não ter peito.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Tradição


Diante da vastidão do tempo e do espaço, na década de 70 duas mulheres se encontravam. Seguiriam a mesma profissão, o jornalismo, cultivariam juntas o gosto pela boa música, bons livros, e também, pela cevada. Tinha tudo pra dar certo. E deu. Juntas caminharam pela vida, assistindo a tudo sob ótica otimista e altamente deboxada, passaram por uma ditadura, pelas emoções das Diretas, pelo primeiro filho. As duas casaram, as duas separaram, e mais de 30 anos depois, Sônia e Bethinha continuam escrevendo a quatro mãos, a história de uma das amizades mais bonitas que eu já vi. Todos os dias elas se falam pelo telefone, onde se chamam carinhosamente de “Buçanha” e a casa é inundada de gargalhadas sonoras em meio a palavrões e histórias mil, elas riem, da vida e do tempo, que passa por elas a passos leves. Retribuindo a vida, Sônia deu de presente meu irmão Pablo e eu. Já Bethinha fez a gentileza de deixar à Paola o papel de perpetuar a história.
Numa das aulas mais interessantes que tive no colégio, e por sinal, inesquecível , um professor de história tentava dar nomes à emoção inexplicável que sentíamos diante de uma obra de arte, ou uma peça exposta num museu. Uma das coisas que ele falou me marcou. Falava sobre uma tal “áurea”, era um tipo de energia que aquela obra tinha, tendo em vista o que significava e o valor que trazia em si. Aquela coisa de olhar uma peça e ser remetido à outras épocas, imaginar a beleza por traz daquilo, o professor chamou de áurea. Eu acho que eu sinto essa áurea na Paola. Nós nunca convivemos muito apesar de termos a idade próxima, mas cada vez que eu a vejo, o carinho que sinto, e a história de amor mais puro a que ela me remete, fazem com que eu tenha um amor que parece que sempre esteve ali. Como se não precisasse escolher tê-lo. A Paola foi pro exterior e agora ensaia uma volta. É engraçado esse negócio de você não precisar ver uma pessoa para querer profundamente o bem dela, um tipo de amor tranqüilo e desapegado. Esse amor está incutido na gente, é quase como se fôssemos responsáveis em dar continuidade a uma tradição.
Semana passada eu falei aqui no Janelas sobre um e-mail que troquei. Muito legal como esse papo repercutiu. Andei recebendo uns e-mails desses que dá vontade de mandar flores ao delegado, de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, de beijar o português da padaria. Um deles trazia no campo de assunto “Obrigada por existir”, pensei: Putz, lá vem mais uma apresentação de power-point mela-cueca. Mas não, era um e-mail super carinhoso da Paola. Ela falou que passava sempre por aqui. Então, querida, quando você ler isso , saiba que tem um abraço muito forte te esperando quando voltar. Que você nunca vai estar sozinha, e que vai ser um prazer imenso continuar escrevendo com você capítulos e mais capítulos de uma história maravilhosa que herdamos. Amo-te pretinha. Volte logo, Pá. Este post é pra você.

domingo, 2 de novembro de 2008

Nós, os maluquinhos. Ou: Marina limpando as janelas


Para chegar aqui no blog de novo precisei me desvencilhar das teias de aranha, faz tempo que não passava por aqui. Não é nem por falta de vontade, mas a rotina mudou bruscamente e não é exagero se eu disser que não tenho tido tempo pra me dedicar a esse e a muitos outros prazeres. Mas é isso aí, logo as coisas entram nos eixos.
Explicações à parte, dia desses estava eu vasculhando e-mails antigos, que coisa essa tecnologia, antes eu adorava dedicar uma tarde inteira lendo cartas e bilhetes que guardei de pessoas diversas. Momentos diversos. Agora guardo e-mails. O importante é guardar alguma coisa né?
Grande parte dos meus melhores feitos literários são cartas. E-mails também. Sou muito chegada nessa coisa de escrever pras pessoas queridas. E hoje quero pedir licença a um amigo muito querido, Marcos Paulo Félix, para transcrever aqui uma conversa que tivemos virtualmente. O papo foi assim: Ele escreveu uma crônica, chamada “Eu e o Maluquinho”, em que discorria sobre as delícias de sua infância e sua percepção sobre a recém chegada “adultice”. Trecho: “Eu ter sido considerado um “tio” me fez recordar meus tempos de criança, bem aqueles que eu queria ser como Maluquinho.
No fim das contas acho que me tornei meio ao acaso um pouco do personagem de Ziraldo. Assim como ele virei um cara legal- pelo menos eu acho que sou- que leva a vida a cantar, mas nossa principal semelhança talvez seja essa: nós dois não conseguimos segurar o tempo, e ele sempre passa!” (Marcos Paulo, maio/2008)
Trata-se de um texto simples que me emocionou bastante e me inspirou a uma resposta, que resolvi socializar por aqui, pois falei sobre coisas que têm estado presente nos meus pensamentos hoje. E também, porque falo da minha avó Dulce, e hoje faz 18 anos que ela pediu pro mundo parar e desceu. Salve salve vovó Dulce, que saudade.

Aí vai:

Oi Marquito, querido. Cheguei de viajem hoje, eu estava em Minas trabalhando num evento. Trampo pesado, mas grana a curto prazo é sempre muito tentador. Já é a segunda vez esse ano que eu viajo para fora do estado tentando negociar o suor do meu trabalho. Isso me deixa sensível, sabe? Estar longe dos meus amigos, da minha família e de quebra conhecer gente de tudo quanto é jeito, pessoas que nunca me viram e podem pensar o que quiser de mim. Mas Deus é muito meu camarada e eu sempre consigo levar algo de bom desses "encontros" que me ocorrem. Procuro sempre, também, fazer com que todas as pessoas que cruzam meu caminho levem o que há de melhor em mim com elas, ainda que o tempo tenha sido muito curto pra isso. Mas você bem deve saber o poder que um "bom dia" dado com um sorriso verdadeiro no rosto tem de mudar um dia inteiro de alguém.Agora olha que viagem: Eu trouxe lá de Minas uma goiabada cascão que comprei de uma figura iluminada e cabelos branquinhos feito algodão chamada Norma. Não que eu fosse muito fã da iguaria, mas a simpatia da senhorinha me fez tirar os últimos trocados furados que eu tinha no bolso e trazer pelas oito horas de viagem de volta, aquele tigolinho de goiaba no colo.Agora há pouco resolvi experimentar. E era uma delícia, tinha gosto de infância, gosto de amor, de comidinha de vó. Lembrei dos doces que minha vó fazia, de como eu gostava de raspar o tacho. Lembrei do cheiro de acúcar queimado misturado ao cheiro de blush que tinha a pele daquela espanhola que adorava falar palavrão. Pensei nela como faço em vários momentos, no que ela diria sobre meus questionamentos, se seríamos amigas como éramos quando eu tinha 08 anos e ela 56. Tem hora na minha vida que eu tenho a impressão que ela tá olhando lá de cima e rindo de mim, principalmente quando fico ansiosa diante da vida, ou quando acho que sei muito. Aí ela deve rir mesmo.E como numa sincronia, sentei aqui pra ler meus e-mail e me ative ao seu. Pobre do meu coração, apertou-se. Pensei como isso é bonito, sinto o mesmo que você. Percebo que o mundo me vê como mulher e já sou muito distante de uma criança (que aliás, já me chamam de tia também). Mas aquela menininha molecona, joelho ralado, cara suja de chocolate, mora bem aqui dentro de mim. É ela que segura todas as minhas barras, é ela que me faz lembrar o quanto a vida é bonita, o quanto tudo isso vale sim, a pena. Eu também não tenho o poder de controlar o senhor tempo. Mas gosto de perceber que não me distancio muito daquilo que quando era criança, imaginava que ia ser. Não rica, com um carro como o da barbie, linda como a Xuxa, morando numa casa de boneca. Mas uma mulher de bem. Acima de tudo e sobre todas as coisas, uma mulher de bem.E acho que isso te aconteceu também, meu querido. Aquele menino que teve o privilégio de ter uma infância bem vivida, bem brincada, cheia de fantasia, cresceu e se tornou um homem com um coração gigante, capaz de sensibilizar-se com coisas simples. Sinal que aquele menino tá em você também.Todos os momentos da vida, todas as fases, têm seus fascínios. A gente tá só começando... só se dando conta... às vezes assusta. Mas a gente não tá sozinho, temos uns aos outros e esses tesouros intocáveis dentro de nós. Obrigada por me fazer pensar nisso agora, confesso que enquanto escrevia esse e-mail ri e também chorei. Eu poderia falar muito mais sobre o que tô sentindo, mas percebi depois do que você escreveu, que não preciso. Um beijão cheio de carinho pra você e tudo aquilo que te tornou quem você é. Marina

09/05/2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A Arte de fazer escolhas parte II

E domingo é eleição. Não me conformo em ser obrigada a votar. Olha, eu acho que a cultura americana tem em elenco de coisas condenáveis, os caras fazem competição de quem come mais cachorro quente, promovem chacinas por não serem “populares” no colégio, lançaram a Britney Spears, mas se tem uma coisa que eu invejo nos caras é o voto facultativo. Imagine só o trabalho que os políticos teriam para nos fazer sair de casa em pleno domingão, pegar fila, pra votar neles. Teria que valer muito a pena. Mas não, é obrigado, daí a gente vai e escolhe o menos bosta pra não ter o CPF cancelado e poder fazer um crediário nas Casas Bahia. Sei que política, religião e futebol (vai Corinthians!!) não se discute e eu respeito a opinião de quem bota uma fé em alguém. Na verdade eu até sinto uma pontinha de inveja dessas pessoas que ainda acreditam em alguma coisa nesse sentido. Adoraria poder vestir a camisa de um cara que se diz disposto a fazer algo de bom pela população. Mas até agora, as fotos daqueles almofadinhas estampadas em carros e cartazes, seus discursos no rádio que só enchem o saco quando estou indo pro trabalho querendo escutar um som, seus abraços em criancinhas só me causam náuseas. E fico realmente puta de ter que escolher um deles como “meu candidato”. Minha descrença não é grande o bastante pra que eu deixe de reconhecer que tem gente bem intencionada por aí, não gosto de generalizar as coisas. Mas normalmente essas pessoas estão envolvidas em causas particulares, dentro de suas comunidades, dentro de seus nichos. Acho muito válido, mas cada vez mais os políticos vão sendo absolvidos do trabalho que deveriam fazer porque essas pessoas resolvem tomar a iniciativa.
Queria muito que a minha geração fosse mais engajada, mais comprometida, que deixasse de lado só um pouquinho a conversa do bar para discutir com propriedade as necessidades das pessoas e isso transcende nosso círculo de amigos, colegas de trabalho, família. Quando paro pra pensar que um cara como o Clodovil se elegeu, penso na quantidade de pessoas que não votou na bicha velha só por tiração de sarro. Quem botou esse e muitos outros no poder, são aquelas pessoas que pensam que um voto só não faz diferença, que uma bituca de cigarro a mais no chão não faz diferença, não pensam no coletivo, aí quando vem a chuva e a porra do bueiro entope e inunda tudo bota culpa no governo.
Mas é isso aí, domingo é eleição e eu só espero que nos próximos anos, a gente se lembre de cobrar a quem estamos dando esses cargos. E que eu tenha bons motivos pra acreditar em mudanças e em evoluções. Não deixa de ser uma esperança né?

sábado, 20 de setembro de 2008

Carta da Insônia

Noite fria passando na minha janela. Já não me sinto só defronte dela, me chega doce o gosto da madrugada. Mais doce ainda é saber que a essa hora deves estar dormindo, leve e puro, depois de mais um dia que a vida te deu.
Mas é doçura que sabe a sal no mais azul do peito onde o amor sofre a pena malferida de ser tão grande e tão imperfeito.
Pois aqui está a minha vida. Pronta para ser usada. Vida que não se guarda nem se esquiva, assustada. Vida sempre a serviço da vida. Para servir ao que vale a pena e o preço do amor.
Ainda que o gesto me doa, não encolho a mão: avanço levando comigo um ramo de sol. Mesmo sozinha dentro da noite mais fria, a vida que vai comigo é fogo: está sempre acesa.
Estou no centro do rio, estou no meio da praça. Piso firme no meu chão, sei que estou no meu lugar, como panela no fogo e a estrela na escuridão.
O que passou não conta? Indagariam bocas desprovidas...Não deixa de valer nunca. O que passou ensina com suas pedras e seu mel. Por isso é que vou assim no meu caminho. Publicamente andando.
Minha casa encantada, onde moro e mora em mim, te quero assim verdadeiro. Cheirando a livros e fogueira. Vida, toalha limpa, vida posta na mesa. Há que merecê-la.
Reparto tudo contigo hoje e sempre, porque chegou num caminho longo e luminoso mas que também se faz áspero às vezes, onde nossas origens se abraçaram e certa vez não conseguiram dissolver em paz nossas diferenças. Somos seres humanos, vivemos sob esta condição não é meu querido e doce menino? Deixamo-nos levar por um momento por aquilo que desune o mundo dos homens que foram feitos para cantar juntos, porque só juntos saberão chegar para a festa de amor que se prepara.
É tempo de cuidados... cada um no seu lugar, na sua vez, não descuidar na espreita do destino que não dorme jamais e é cheio de olhos. E derramar a luz... no instante certo. É uma espera que dói um pouco...sim. Mas ninguém será sozinho nunca mais. Sempre estarei contigo e é quando sonho que te guardo e durmo à luz do seu lampião em sépia.
Você pra mim é amor. Da cabeça aos pés. Grandes coisas simples aprendi contigo, com teu jeito, teu prumo, tua crença e com a linhas da minha mão. Com você aprendi que o amor se reparte, mas sobretudo acrescenta, e a cada instante aprendo mais com teu jeito de andar pela vida, como se caminhasse de mãos dadas com o ar, com teu gosto, com a luz do teu sorriso, tuas delicadezas secretas e a alegria do teu afeto maravilhado.
Posso ouvir nesse instante sua voz radiosa que sai da boca inesperada como um arco-íris partindo ao meio e unindo os extremos da vida, e mostrando a verdade como uma fruta aberta... Deixo que isso passe por mim.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Então essa é a minha cara. E a sua?

Tá de saia rodada, sandália rasteira, deve ser hippie. Deve gostar de rodinha de violão. Deve ir pra Caraíva todo verão e passar o mês todo descalça. Aposto que tem um namorado com cara de sujo.
Aquele tá de calça skinny e all star. Deve ser alternativo esse aí, gosta de rock inddie e deve colar no Vegas ou coisa parecida. Seus amigos devem competir pela calça mais apertada e ele deve achar o máximo butecar na Augusta e usar os lenços palestinos que entraram na moda. Bem diferente daquele ali, que tá de camiseta curtinha, mostrando os braços marombados enquanto mexe em suas correntinhas de prata, deve ir pra Maresias de fim de semana, balançar os bíceps ao som de música eletrônica.
O pré-conceito é inevitável (no sentido de pré-julgar mesmo, não repudiar), mas as pessoas buscam por isso, querem sempre criar uma imagem que venha de encontro ao que desejam que as outras pessoas pensem dela.
E isso vai além da maneira de se vestir, tem muita gente mais preocupada com a opinião que gera por aí, do que transformar alguma coisa importante dentro de si mesmo.
Como se fosse obrigatório pertencer a uma tribo, como se isso trouxesse algum tipo de auto-afirmação. Como se fosse possível alguém se amparar no elenco de coisas que “juntou” para representá-lo. Uma muleta social. É como se mais importante do que as atitudes de uma pessoa, fossem as roupas que ela usa, o som que curte, as gírias que diz, o estilo de seus amigos ou as bostas das comunidades que ela exibe na bosta do orkut.
Eu? Eu não sou porra nenhuma. Não sou alternativa, descolada, Cult, pau no cu. E não acho que eu precise ficar provando o que eu sou através de qualquer outro meio que não seja minha postura com a vida, com as pessoas. A vida real, dá pra entender?
Ninguém é muito diferente ninguém, todo mundo tem uma noite de insônia, um dia de fúria, um dia de amor louco, de dor de barriga, todo mundo tem que fazer uma correria, todo mundo deveria fazer alguma coisa pro bem e nem por isso sair cornetando por aí o quão bem feitor se é. Não precisa ir ao Criança Esperança. Seja gentil com quem tá na vida contigo.
Vivemos numa era de extremos, isso só traduz insegurança, uma grande ansiedade pra mostrar uma versão do que se é, pra dizer que é verdade. Medo que o diferente, talvez seja igual.
Uma cara, uma fração, não me completa.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Festa!!


Antes de mais nada, três vivas à sexta-feira!! Viva!! Viva!! Viva!! Tim tim meu amigo, o dia mais esperado da semana chegou. Muita coisa boa está pra rolar, mas quero dar o toque de uma em especial: A banda Manifesto da Loucura vai tocar no bar e centro cultural Cidadão do Mundo, em São Caetano, no sábado. E eu que sou chegada numa festa da pesada, não deixarei de dar o ar da graça. O Projeto Paralelo também vai tocar, só som da massa. As bandas são do ABC, tocam sons próprios e covers de Tim Maia, Seu Jorge, Raulzito, entre outros.
Se estiver pelo ABC esse fim de semana não vacile e apareça no Cidadão do Mundo. Cervejinha a preço justo, boa música e gente bacana. È muito ou quer mais?
Eu sou muito fã do Manifesto, é uma pena os caras não terem um site decente pra eu indicar. Curto muito as letras dos sons deles... Cada época me apego em uma música. A última que me tocou de alguma maneira chama-se “Contradição” e é de autoria de meu grande amigo Golês, um sujeito gente boníssima que veio direto da Goléia. Vou transcrevê-la aqui, use a imaginação e pense em rifles de guitarra:
"Entrou em contradição não fazendo o que falou.
Busca sempre estar de bem, porém, seu coração...
Bateu mais forte e ele seguiu, sua raiz continuou pra garimpar.....O que um dia ele deixou pra desfrutar o que é banal
mas se libertou...... do caos.
Não mudar é resistir contra a própria criação,
onde abriga um doce lar, pra morar e construir
Uma viajem sem pensar naquela velha tradição, ganhar perder ou só fazer, que está em suas mãos obstruindo o canal
mas se libertou...... do caos."
Janelas de Marina Informa:
Cidadão do Mundo
Rua Rio Grande do Sul, n.73, São Caetano do Sul- Centro
Entrada: 5 pilas

Bora lá negada??
ps: na foto acima, eu molhando as palavras no último show do Manifesto (06/09) e ao fundo minha mãe pirando no sonzinho... yeah mama

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ciranda da Bailarina


Toda vez que eu falo que faço balé a reação é a mesma. Risada. Explico: Tenho 1.78 de altura. Mas até aí, a Cláudia Raia também é grandona e bailarina de primeira. Aliás, quando era criança minha vó dizia que eu tinha pernas da Cláudia Raia e eu ficava puta (claro, era na época da Tancinha). E tem outra: eu não fiz balé quando era criança, comecei depois de velha (aos 25) mesmo. Qual o problema? Não tem gente que muda de profissão? Que vira Hare Krishina? Que resolve dar a bunda? Por que não posso fazer balé?
Eu sei que eu levava mais jeito pra ser jogadora de basquete, rúgbi, lançadora de disco, chutadora de canela... Mas fazer o quê se por trás dessa carcaça comprida há uma alma feminina e delicada?
Já tentei circo, mas como trapezista me saí uma ótima jornalista. Sem contar que os colchões que a gente usava tinham cheiro de cheetos bolinha. E de repente eu me encontrei no balé. É maravilhoso ao fim do dia calçar as sapatilhas e dançar ao som de música clássica, é lindo, lúdico, um momento todo meu.
Na ponta dos pés eu vejo adiante, e fico grande o bastante para assombrar qualquer coisa que venha inquietar esse meu coração. Os pés doem, mas todos os pés que estão realmente no chão doem. A cabeça permanece ereta, e o sorriso... o sorriso nêgo, é obrigatório! O resto é sentir a música, aliar-se a ela, deixar que venha de dentro. E se perder o passo, é só voltar atrás, se cair, é só dar uns tapinhas na bunda pra tirar a poeira e seguir em frente.
As paixões podem ser tardias, e em nome dessa que me faz tão bem, eu aturo as chacotas que ouço. Pode rir, ri, mas não desacredita não. Porque nunca foi do meu feitio não me arriscar nas coisas por achar que não são pra mim.
Outro dia, durante uma aula, ao som de piano, estava errando tudo e me senti num filme do “Gordo e o Magro”. Aquilo foi suficiente para desencadear uma crise de riso sem fim, eu me olhava no espelho vermelha de rir e sabia que se eu explicasse ninguém acharia tanta graça. Só eu era cúmplice do meu auto-escracho. Agora me diz, tem como eu não amar uma coisa que me lembrou o quanto é importante e delicioso rir de si mesma?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Meu bem você me dá água na boca

O relógio da igreja anuncia as vinte e duas badaladas, meu corpo está cansado e entregue ao sofá depois de mais um longo dia de labuta, mas ainda tenho força pra pensar em você (tenho que ter). Nada nessa hora me parece tentador, a TV está ligada sozinha, arrisco um som, nada me conquista. Sei que não há saída, eu tenho que pensar em você. Levanto e não resisto a uma breve olhada no espelho quando passo, as pessoas tem comentado que tenho emagrecido, finjo-me envaidecida, mas admito só pra mim que é por sua causa. E não há nada de glamoroso nisso.
Você passa o dia todo comigo. Chega a pesar nos meus braços, seu cheiro está impregnado em tudo e eu tenho a impressão que todos no metrô também o sentem. Entorpece-me. Enoja-me. Mas sei que só você mata minha fome.
Sei que falta pouco pra eu te ver. Não consigo disfarçar minha ansiedade quando essa hora se aproxima e já sinto seu calor em minhas mãos.
Você é uma das últimas coisas que penso no meu dia e uma das primeiras ao acordar. Não posso te esquecer. Penso em como é gostoso te preparar antes de dormir, me enche de água na boca, só não sei por que, em poucas horas você já não está como deixei, é pura confusão, tudo misturado, me confunde também, nunca sei por onde começar. Se eu pudesse passaria o tempo todo te olhando, pra nada sair do lugar, mas você sabe, eu não posso, trabalhar é minha sina, mas nossa hora sempre chega. Faz tão pouco tempo que a gente se conhece, mas tanta gente falava de você pra mim, eu só não imaginava como seria ter você todos os dias comigo. Virou uma necessidade, só você me sacia. Às vezes você me enjoa, me cansa, me dá trabalho, mas no meio do meu dia, é só eu e você. Enquanto te esquento observo minha imagem na janela ao lado, chego a passar a língua nos lábios e penso que isso é quase tão erótico quanto o biquinho que faço na hora de aspirar a bombinha de bronquite. Mas isso você não vê. E enfim você chega, toda quentinha, eu como você bem gostoso e já começo a pensar como você estará no dia seguinte, minha marmita.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A incrível arte de fazer escolhas

Conheço poucas pessoas que sabem realmente fazer escolhas. O que significa que elas tomam decisões e não ficam se lamentando pelo que ficou de fora de seus planos. E acho que quem faz isso é dotado de amor, pois só por amor verdadeiro alguém deixa que as coisas tomem o rumo que quiserem a partir do momento que abriram mão delas. Fazem jus à minha admiração, pois escolher de verdade é pra poucos. E confesso que tenho uma dificuldade tremenda com isso, não reconheço muito bem o momento em que os ciclos exigem uma decisão. Mas uma hora ela vem, normalmente impulsionada por um limite ultrapassado, uma raiva necessária, um apelo da vida para que a passividade diante das escolhas alheias vá pra casa do caralho. E aí ela vem, chega feito vendaval arrombando janelas, tremendo o chão, pesando toneladas e ensurdecendo os ouvidos. Chega na proporção do meu desejo por liberdade, do meu prazer em suspirar aliviada, na alegria da minha voz quando digo do fundo meu coração: “Vai com Deus”. A sensação posterior é de encantamento com o que está por vir, pelo desconhecido, sede de vida.Quando não fazemos escolhas por inteiro, a vida trata de fazer por nós, aí depois não adianta reclamar que não era bem isso o que queria. Eu demoro muito pra fazer uma escolha, levo muitas coisas em questão, penso repenso, penso de novo. Mas de repente, ela chega pra acabar com toda angústia, para dizer que não ficou nada por dizer, que as rédeas da minha vida estão em minhas mãos, que sou autora da melhor história do mundo, que é a minha, pra dizer que eu estou aprendendo e tudo será bonito, como nunca deixou de ser. E hoje digo que chega. Eu escolho ser feliz. Um brinde!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eu e meu parceiro

- E agora vamos receber o segundo casal da noite! Uma salva de palmas para Pablo e Marina!
Neons piscam vertiginosamente em meio ao gelo seco que embaça a carinha de uma pequena multidão de pré-adolescentes ávidos por uma pagação de mico na beira do palco. Entro com minha saia rodada e avisto do outro lado o meu irmão. Vestido com uma roupa à la Piratas do Caribe e pesando o mesmo que pesa hoje, com quase 1.90m de altura.
“Chorando se foi quem um dia só me fez chorar, chorando se foi quem um dia só me fez chorar...” O som ecoava pelo pátio da escola enquanto eu mostrava meu requebrado digno de abertura de novela, pra deixar os bailarinos do Beto Barbosa no chinelo. Iniciamos o bate-coxa fraternal (aquele que fazemos projetando a bunda para trás, com medo de encoxar o parceiro) e o pessoal acompanhava com palmas e gritinhos de “Uh! Uh!” lá embaixo.
“Chorando estará ao lembrar de um amor que um dia não soube cuidar...” Nos afastamos e eu me preparava para fazer o passo carro-chefe de nossa apresentação, aquele em que a dançarina pulava no colo do cara, que jogava seu corpo de um lado para o outro. Era a carta na manga, o creme de la cream. “A recordação vai estar com ele aonde for...”. Corri. Pulei com as pernas arqueadas na cintura do meu irmão. E vi, em câmara lenta, a platéia mudando de ângulo, a cara de assustado do meu irmão e depois, o estrondo de nós dois caindo para trás comigo montada em sua barriga, foi praticamente um golpe. A partir daí, as gargalhadas tomaram conta de tudo e eu saí correndo deixando meu irmão jogado feito um leão marinho de lencinho na cabeça no chão.
Eu e o Pablo passamos por várias outras situações de enrubescer o rosto na infância. As dancinhas em datas comemorativas, as fantasias que minha mãe sempre improvisava (Isso o pessoal até deixava quieto porque achavam que nossos pais eram hippies), as fotos lá em casa não mentem: Nós fomos crianças incrivelmente engraçadas e desastradas. Com a diferença que o Pablo tirava boas notas. O tempo passou e hoje ele faz 29 anos. O menino de kichute com os cadarços amarrados nas canelas cresceu e tornou-se, acima de tudo, um homem de bem. Continuamos rindo dos desastres um do outro, que hoje são profissionais, amorosos, etc. Dia desses, ele ficou uma tarde inteira sentado na minha cama enquanto eu lia. Sem fazer nada, só ficou ali. Eu levantei um pouco os olhos, abaixando devagarzinho a capa do livro e o espiei com carinho, dando-me conta que ele é, com certeza, a melhor pessoa que eu conheço.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

insPIRAÇÃO



É muito bom quando algum detalhe do dia a dia nos inspira a escrever alguma coisa. Basta estar atento e pronto, a sombra na parede se transforma numa figura, o poste de luz num monstrengo de vários braços e o apito da panela de pressão vira música.

Mas às vezes, escrever é uma forma de desabafo, é a válvula de escape para algo que transborda e ameaça implodir dentro da gente. “Escrever também é uma forma de pensar a vida”, e é a solução, talvez única, para quando algum sentimento nos aperta o peito.

A escrita é uma maneira de voltar no tempo, de dizer o que não foi dito, de aproveitar melhor o momento, ainda que apenas para alívio da alma. É um jeito de tentar entender o que ninguém pode explicar, como aquele dia, em que eu olhei pelo retrovisor do carro aquele menino indo embora com a mochila nas costas e logo a visão ficou turva por um choro que eu não sabia de onde vinha, por que vinha... E tive medo pensando ser um mau pressentimento, tive medo que algo de ruim lhe (ou me) acontecesse e esse temor consumiu meu coração uma tarde inteira. A sensação de “última vez” era iminente e eu só queria acreditar que era mais uma de minhas paranóias. Só que dessa vez tinha outro nome, era intuição mesmo. Graças a Deus não aconteceu nada de ruim, nem comigo nem com o menino da mochila, mas esse dia foi um divisor de águas. Aquela bifurcação no meio da estrada, sabe? Aquele momento em que algo lhe diz que tudo vai mudar. Mas quem falou que as mudanças também não são inspiradoras? A gente pira um pouco, mas logo, a nuvem volta a ser bicicleta, a árvore parece ter nariz e o fusquinha tem cara de ser um carro muito, muito feliz.


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Yôga para iniciantes

(Com sorriso no melhor estilo playmobil no rosto:)
-Olá, Marina! Muito bem-vinda de volta ao Yôga!! Por que resolveu voltar?
-Ah, eu ando muito tensa por conta do trabalho, do trânsito que eu pego todo dia, acho que preciso canalizar melhor minhas energias antes que eu endoide (risinho histérico).
Luz azul. Cheirinho de incenso no ar. Som de cítara. Tiro os sapatos e reparo que esses sapatinhos melissa sempre me deixam com chulé. Bom, tem mais umas oito pessoas aqui, ninguém vai perceber que sou eu.
Sento-me em com as pernas cruzadas, fecho os olhos enquanto escuto o instrutor falar com voz de quem tomou um lexotan: “Imagine pequenos feixes de luz dourada envolvendo seu corpo”... Droga, por que eu nunca consigo imaginar uma coisa dessas? “Mantenha-se imóvel e com a respiração profunda”... Putz meu nariz tá coçando, meu pé está formigando, será que demora muito pra acabar?
“Pronto, vamos nos levantar”.. Ah é? E de que jeito se minhas duas pernas adormeceram? Levanto toda desajeitada e lembro-me do parto de girafas que assisti na Discovery dia desses.
“Coloque as duas mãos no joelho e traga o abdômen para dentro”... Meu Jesus, por que fui comer dois bifes antes de vir pra cá? “Vamos deitar e jogar as pernas para trás da cabeça”... Olha, evitar puns na aula de yôga renderia uma nova filosofia. Começo mentalizar: Calma Marina, não solte, concentra, segura esse pum, ôôôômm... Uau!! Estou meditando!!
Sentamos de novo. O instrutor caminha até mim, coloca as mãos nos meus ombros e... TUIM! Aperta de uma vez e certeiramente com toda força. Em pensamento: “AAAiiiii filho da puta!” Ele: Nossa Marina você está tensa mesmo hein. E eu com sorriso cerrado: Pois é né hehehe. Em pensamento “Na verdade eu não estava, mas depois dessa mordida de égua que você me deu enquanto eu estava desprevenida!!”A prática acaba e eu saio da sala mancando com as mãos nas costas. Quando vou indo embora, o intrutor me pergunta: “E aí Marina, tá namorando?” E eu, vidrada no movimento em slow motion de sua boca, entendo: “E aí Marina, está trabalhando?”, no que respondo arfante com a língua de fora “Ô se tô! Muito! Todo dia!”. Ele sorri constrangido com as sobrancelhas meio franzidas e eu vou indo até o carro enquanto me dou conta do que acabei de responder. Sinto meu rosto ficando vermelho e penso em não ir à próxima aula. Ah que vontade de ir pro trabalho e relaxar!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Hoje é segunda-feira e decretamos feriado...


Ah a segunda-feira... Não sei por que se chama segunda se não há a primeira para nos preparar melhor. Devia haver outro dia entre o domingo e a segunda, um prefácio, um prólogo, qualquer coisa que amenizasse o impacto da segunda-feira, quando tudo se torna muito real, real demais.
E esse fim de semana fui à peça “Nossa Vida não vale um Chevrolet”. Parece que quando se trata do Mário Bortolotto todo mundo tem algo a dizer. Há quem seja fã, adepto de sua linguagem e estilo, há também quem odeie. E tem quem simplesmente respeita, sou desse último grupo aí. A peça foi boa, vale lembrar que não sou crítica, atriz, modelo dançarina ou coisa que o valha. Sou público. E vejo tudo o que posso despida de qualquer tipo de pré-conceito. E isso é muito bom pra mim. Se eu me interesso vou lá e prestigio. Não tem coisa que deixa mais empaspalhada do que neguinho que fica dando opinião sem conhecer bem a obra do cara, ou esponjando, sabe como é? Lê alguma coisa em algum lugar e sai proferindo “teses” como se fossem suas. Uó.
A peça conta a estória de três irmãos que são ladrões de carro e dois deles são lutadores de rua. Achei demais a atuação dos caras. De todo mundo, em especial a Fernanda D´Umbra. Ela faz a Sílvia, uma mulher carente que se envolve com as figuras mais bizarras para aplacar a solidão, passou o rodo nos três irmãos. Era cômico, mas muito triste. Nas cenas dela o povo se matava de rir, mas eu quase chorei. Aliás, todo mundo ria de tudo. Acho que tô ficando ranzinza. Acho um saco quando dão risada numa hora que não é pra rir, quebra o clima. Bom, posso dizer que valeu a pena, tanto pela peça quanto pela minha companhia, a Nayara. Doce Nayara... Tem épocas da minha vida que eu queria morar dentro do seu cabelo.
Mas deixemos esse papo de fim de semana pra lá, até porque o meu foi bem etílico e ficar pensando nisso na segunda já me parece nostálgico. "Outra vez vou me esquecer, pois nestas horas pega mal sofrer. Da privada eu vou dar com a minha cara de panaca pintada no espelho e me lembrar, sorrindo, que o banheiro é a igreja de todos os bêbados".


Metamorfoses- Que tudo muda o tempo todo no mundo o velho Tim Maia já havia nos alertado. Mas e quando, num curto espaço de tempo, um monte coisas começa a mudar? Você se vê na necessidade de ser o mais flexível que puder, porque não adianta oferecer resistência, as pessoas mudam, a vida muda e pronto. Você querendo ou não. As mudanças podem ser superficiais, uma franjinha nova, um caminho diferente ou um cara que era nerd na escola e vira doidão, um dia te encontra na rua e ainda te chama de careta. E também podem ser mais profundas, mudanças de valores mesmo. Mas essência... essa é uma só. E quando me surpreendo com uma mudança repentina, logo acredito que a essência das coisas sempre foi única, que talvez fosse eu que não me dei conta. Nesse caso me apego à minha. Confio nela. E ela não muda. Tipo o cabelo da Nayara. E ah...Um dia eu ainda moro lá.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Mudando de estação

Ouvindo Nouvelle Vague hoje de manhã no metrô, me senti num filme. A música “Dance with me” foi repetida várias vezes, grande é a minha capacidade de encarnar nas músicas e ouvir a mesma inúmeras vezes. Pelo menos era no MP3 (é, eu não tenho um Ipod, meu celular não tira boas fotos, iphone nem pensar e, aliás, meu MP3 está quebrado) e sendo assim não incomodo ninguém. O câmera ficaria bem ao meu lado, e eu, fingindo indiferença, olharia pela janela enquanto ele enquadraria minha nuca e o fecho do meu brinco que eu ajeito o tempo todo com medo de perder. Blasé, praticamente uma francesa em plena estação Praça da Árvore. “Sur la place arbre”. Os outros passageiros eram os figurantes. E o moço sentado à minha frente, o mocinho que eu encontraria em outra ocasião e se tornaria o protagonista. Ele estaria na primeira fileira de pessoas que me observavam enquanto eu cantava lindamente “Dance with me” com uma guitarra num inferninho qualquer cheio de fumaça. Depois ele me ofereceria sua cerveja quente e suas sardas virariam inspiração para minhas próximas canções.
Próxima estação: Paraíso. Bom seria se fosse ao pé da letra, eu desceria do metrô e me depararia com o paraíso, tiraria meu all star já imundo do pé e sairia distribuindo abraços apertados nos meus amigos que estariam ali só me esperando, com porções de calabresa acebolada, pãozinho e vinagrete.
Cheguei, Consolação. Será que quando eu descer vai ter alguém ali pronto pra me consolar?

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Terra à vista


É hora de acertar as velas e deixar o barco correr. Velas enroladas fazem o barco girar em círculos. Círculos também são bons, são ciclos infinitos, seguros. Não quero nada infinito. Quero que trancorra leve, em várias direções, como os pensamentos que aqui pretendo relatar.




Beijos a todos. Sinta o vento no rosto...