Quem vem lá?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Janelas sempre abertas


- “Vive sua vida, faz a sua e não fica é... é....é... reparando nos outros, ta ligado?? Sumeeeeemo!!!”
Sabedoria... Não muito distante dali...Na praia do Sono, o seu Antônio, morando numa casinha de pau a pique, sabe o melhor vento pra jogar a rede no mar, que a água tem que estar fervendo bastante pra coar café no velho coador de pano e que a filha dele engravidou porque trepou. Um dia eu cantava uma música do Raul pro Seu Antônio, ele gostou e pediu pra ouvir outras enquanto escolhia feijão, coisa que, também, ninguém ensinou. Ele se ateve a uma frase que dizia “Pra ser feliz é olhar, as coisas como elas são, sem permitir da gente uma falsa conclusão!” Falou que concordava com o Raul e sobre a importância de ter os pés no chão e de cuidar da minha vida, discordou quando eu disse que às vezes me sentia egoísta quando pensava assim e debochou dizendo que era engraçado como eu não entendia nada. De como eu era capaz de discorrer sobre história, política, mas que não entendia nada sobre egoísmo. Em outras palavras, outro tempo, e num dialeto bem parecido com o de Fabiano, em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, ele me dizia: “Vive sua vida, faz a sua e não fica é... é... é... reparando nos outros, tá ligada? Sumeeeemo!!”
Tenho sonhado muito que estou sem roupa, me trocando na frente de obras, tomando banho com mais um monte de gente. Uma vez li num livro de significados de sonhos (nem só de Graciliano Ramos vive uma mulher) que isso reflete o sentimento de exposição. Paguei R$ 140 mangos e coloquei insulfilm no carro. Mas nem com todo dinheiro do mundo eu conseguiria colocar insulfilm nos meus pensamentos, no meu coração. Não sei esconder, fazer joguinho, e nem quero, não entro nessa. Eu queria falar pro Seu Antônio que hoje eu entendo o que ele me dizia, que ouvi a mesma coisa em palavras mais simples e num momento mais oportuno. E que nas minhas orações, desejo bom senso a quem se dedica a observar, confabular e cobiçar a vida que não é sua. Todo mundo tem em si uma coisa que não é infinita, é energia, há um estoque disso. Um dia acaba. Quem desperdiça energia com questões que não são suas, ou mesmo com questões que ficaram no passado, ou estão no futuro, pode se ver escasso de energia para quando essa realmente se fizer necessária.
Na mesma Praia do Sono, conheci um maluco que muito me intrigava, um sujeito jovem, porém cheio de estórias, gostava de conversar com ele. Um dia ele acordou e falou que ia embora, que era bicho solto, e que cairia na BR outra vez. Eu me emocionei porque criei afeição por ele. Comprei bolinho de aipim para sua viagem. Ele chorou e contou que há muito não chorava. Falou pra eu não me enganar com tipos como ele. Que era pura casca, para pouco o que guardar. Achei triste alguém fazer essa idéia de si mesmo, mas ele continuou, disse que eu era o contrário. Muito o que guardar e nenhuma casca. Nunca mais o vi. Queria dizer a ele que continuo pela vida assim. Que não pretendo mudar ainda que isso me custe algum engano e que tenho casca sim. Uma fica no pé, logo abaixo do dedo mindinho, a outra fica no coração, se chama amor, ilumina meu caminho, me protege, e esse sim, é infinito. Sumeeeemo!!!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Eu acho é pouco




Olha essa tua situação de agora,
esse contexto em que tu está inserido agora,
olha esse mundo a tua volta agora
HOJE é um bom dia pra se revoltar.
De todos os dias do continuum,
HOJE é o melhor dia para se revoltar,
o DIA FUNDAMENTAL da sua revolta.
Lance um ou mil atos de concussão
nesse monólito de palhaçadas que te cerca,
fogo nesse circo AGORA.