Tá de saia rodada, sandália rasteira, deve ser hippie. Deve gostar de rodinha de violão. Deve ir pra Caraíva todo verão e passar o mês todo descalça. Aposto que tem um namorado com cara de sujo.
Aquele tá de calça skinny e all star. Deve ser alternativo esse aí, gosta de rock inddie e deve colar no Vegas ou coisa parecida. Seus amigos devem competir pela calça mais apertada e ele deve achar o máximo butecar na Augusta e usar os lenços palestinos que entraram na moda. Bem diferente daquele ali, que tá de camiseta curtinha, mostrando os braços marombados enquanto mexe em suas correntinhas de prata, deve ir pra Maresias de fim de semana, balançar os bíceps ao som de música eletrônica.
O pré-conceito é inevitável (no sentido de pré-julgar mesmo, não repudiar), mas as pessoas buscam por isso, querem sempre criar uma imagem que venha de encontro ao que desejam que as outras pessoas pensem dela.
E isso vai além da maneira de se vestir, tem muita gente mais preocupada com a opinião que gera por aí, do que transformar alguma coisa importante dentro de si mesmo.
Como se fosse obrigatório pertencer a uma tribo, como se isso trouxesse algum tipo de auto-afirmação. Como se fosse possível alguém se amparar no elenco de coisas que “juntou” para representá-lo. Uma muleta social. É como se mais importante do que as atitudes de uma pessoa, fossem as roupas que ela usa, o som que curte, as gírias que diz, o estilo de seus amigos ou as bostas das comunidades que ela exibe na bosta do orkut.
Eu? Eu não sou porra nenhuma. Não sou alternativa, descolada, Cult, pau no cu. E não acho que eu precise ficar provando o que eu sou através de qualquer outro meio que não seja minha postura com a vida, com as pessoas. A vida real, dá pra entender?
Ninguém é muito diferente ninguém, todo mundo tem uma noite de insônia, um dia de fúria, um dia de amor louco, de dor de barriga, todo mundo tem que fazer uma correria, todo mundo deveria fazer alguma coisa pro bem e nem por isso sair cornetando por aí o quão bem feitor se é. Não precisa ir ao Criança Esperança. Seja gentil com quem tá na vida contigo.
Vivemos numa era de extremos, isso só traduz insegurança, uma grande ansiedade pra mostrar uma versão do que se é, pra dizer que é verdade. Medo que o diferente, talvez seja igual.
Uma cara, uma fração, não me completa.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
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6 comentários:
Depois de ler este texto comecei a pensar nos meus amigos...Tenho tantos (graças a Deus) e tão diferentes...Do Wandré bixo-grilo ao Cacá mauricinho...De tudo muito, graças a Deus...De couboy do asfalto aos "ravers"...Com cada um sempre aprendo muito...E é sempre muito engraçado ver e entender as diverssas tribos que se formam...
Mas é engraçado também ver como somos julgados (porque somos e não é pouco).
Dia destes fui tocar. Free Jazz,o de sempre...
Cheguei ao lugar, montei minhas coisas e lá vem o primeiro:
"-vai tocar um new metal ai irmão!!!"
Caceta!!! Fiquei até chocado...Ai expliquei que ia tocar um free jazz...Ai quem se chocou foi o maninho da pergunta:
"-É MEMO?"
Pois é...Tenho cara de rockero, toco jazz, ouço muito funk, aprendi a ouvir musica escutando bossa nova...
Uso calça larga, adidas no pé mais sou o maior bixo do mato...
Acho extremamente chato se limitar dentro de um rótulo...
Como já dizia Jorge du Peixe:
"Já que fui ontem
Estarei no amanhã
Brincando de outra pessoa
Invadindo outro mundo
Eu vou
Eu vou"...
Clap Clap Clap(aplausos pra vc em pé)isso pq vc disse que não estav inspirada hj ulala...se todo os dias de frio te deixarem com a mente assim meu DEUS borá morrar no alasca Má?
beijos e bom dia.
Tu é foda meu...
Paz e Luz linda.
Hummm... Pois é; Eu ando aqui me pegando com Stanislaw PontePreta, Rubens Braga e outros nomes da cronica nacional... Paulo Mendes Campos... Os bons. Lendo Paulo Mendes, me vem à mente um pensamento dele de que, um bom croinista nasce naturalmente e nada mais é que um obsevador de fatos, situações e do meio que o cerca. O que vai diferencia-lo dos demais é singelkeza das letras e aqui encontrei de monte. Até a mais veemente critica é algo dócil de se ler, sem deixar de ser incisivo. Detalhes técnicos, métrica, ritmo, tudo... Me supreendo bastante contigo a cada passada aqui...
Parabens e segue firme Mari...
A Marina da primeira vez que eu vi: saião, cabelo "de praia", cada de sossegada, tamanho duas vezes maior que o meu, (mesmo eu sendo uns 3 anos mais velha) nossa, se isso fosse um pré-julgamento, eu nunca iria descobrir a menina pequena e doce que mora nesse olhar lindo. A "it" girl que manja de tudo de moda e de maquiagem, que sabe de tudo sem ser arrogante e que sabe ser simples, sem cair pro "bicho-griliço". Essa é a Marina... uma das melhores coisas que a vida já me ofereceu!
Amei Má!! verdade verdadeira, rs!!! Bom , com o tempo agente vai desencanando de prestar atenção nestas coisas, pelo menos eu acho. beijos
Primoroso como sempre!
Já perdi a conta de quantas vezes fui julgada pela aparência. Hoje em dia me policio para não cometer o mesmo erro e não subestimar alguém.
Ah! Obrigada pelos comentários carinhosos de sempre.
Beijos de luz,
Aline***
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