segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Tradição
Diante da vastidão do tempo e do espaço, na década de 70 duas mulheres se encontravam. Seguiriam a mesma profissão, o jornalismo, cultivariam juntas o gosto pela boa música, bons livros, e também, pela cevada. Tinha tudo pra dar certo. E deu. Juntas caminharam pela vida, assistindo a tudo sob ótica otimista e altamente deboxada, passaram por uma ditadura, pelas emoções das Diretas, pelo primeiro filho. As duas casaram, as duas separaram, e mais de 30 anos depois, Sônia e Bethinha continuam escrevendo a quatro mãos, a história de uma das amizades mais bonitas que eu já vi. Todos os dias elas se falam pelo telefone, onde se chamam carinhosamente de “Buçanha” e a casa é inundada de gargalhadas sonoras em meio a palavrões e histórias mil, elas riem, da vida e do tempo, que passa por elas a passos leves. Retribuindo a vida, Sônia deu de presente meu irmão Pablo e eu. Já Bethinha fez a gentileza de deixar à Paola o papel de perpetuar a história.
Numa das aulas mais interessantes que tive no colégio, e por sinal, inesquecível , um professor de história tentava dar nomes à emoção inexplicável que sentíamos diante de uma obra de arte, ou uma peça exposta num museu. Uma das coisas que ele falou me marcou. Falava sobre uma tal “áurea”, era um tipo de energia que aquela obra tinha, tendo em vista o que significava e o valor que trazia em si. Aquela coisa de olhar uma peça e ser remetido à outras épocas, imaginar a beleza por traz daquilo, o professor chamou de áurea. Eu acho que eu sinto essa áurea na Paola. Nós nunca convivemos muito apesar de termos a idade próxima, mas cada vez que eu a vejo, o carinho que sinto, e a história de amor mais puro a que ela me remete, fazem com que eu tenha um amor que parece que sempre esteve ali. Como se não precisasse escolher tê-lo. A Paola foi pro exterior e agora ensaia uma volta. É engraçado esse negócio de você não precisar ver uma pessoa para querer profundamente o bem dela, um tipo de amor tranqüilo e desapegado. Esse amor está incutido na gente, é quase como se fôssemos responsáveis em dar continuidade a uma tradição.
Semana passada eu falei aqui no Janelas sobre um e-mail que troquei. Muito legal como esse papo repercutiu. Andei recebendo uns e-mails desses que dá vontade de mandar flores ao delegado, de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, de beijar o português da padaria. Um deles trazia no campo de assunto “Obrigada por existir”, pensei: Putz, lá vem mais uma apresentação de power-point mela-cueca. Mas não, era um e-mail super carinhoso da Paola. Ela falou que passava sempre por aqui. Então, querida, quando você ler isso , saiba que tem um abraço muito forte te esperando quando voltar. Que você nunca vai estar sozinha, e que vai ser um prazer imenso continuar escrevendo com você capítulos e mais capítulos de uma história maravilhosa que herdamos. Amo-te pretinha. Volte logo, Pá. Este post é pra você.
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4 comentários:
Pois é... aí está. Esse amor e esse carinho todo, herdado, doado de mãe para filhos... é forte e inexplicável. Como se fosse algo a que assistimos durante anos e aprendemos, levamos para a vida, trazemos para a nossa vida.
Tenho um sentimento muito semelhante a esse que você descreveu, Ma. Uma história muito parecida também.
Me identifiquei demais ao ler essas linhas.
Bjo gde, lindona!
PS: Adoro Zeca Baleiro.
O que mais eu posso dizer sobre voce? Ah...depois dessa nem tenho mais palavras voce eh FODA soh isso que posso dizer e obrigada por existir mais uma vez...ai Ma, to chorando mas de muita alegria, agradecendo ao papai do ceu por ter uma pessoa linda como vc na minha vida e por um dia essa amizade das bucanhas ter comecado, soh assim pra eu ganhar tantos presentes maravilhosos como voce.Te amo!!!
oi marina, tudo bem?
me chamo ana, sou amiga da tali.
esse é o nosso vinculo do mundo real...
bom... minha curiosidade em visita-la...talvez tenha aumentado... por escutar coisas bacanas sobre vc ..
até mesmo pq somos "próximas" na amizade da Tali... sei que vc é amiga dela de infância não quero comparar essa próximidade...rs
também temos em comum o trampo... sou radialista e sei que vc é jornalista, não é?
adorei seu blog... isso me fez ter vontade de escrever no meu velho cantinho...
vc tem algo especial, acho que tudo que a talita me descreve eu pude sentir aqui nessa linhas...
bom, parabéns...
abraço
:-)
marina, esse é meu blog
http://www.meninaatomica.blogger.com.br/
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