Quem vem lá?

segunda-feira, 29 de março de 2010

É grande, mas não é duas

Até a bananeira pode ter seu coração perturbado.
Foto: Paulo Contessoto

Habilidosa raiva, embrulha o estômago como ninguém, generosa, presenteia o impulso, primo irmão do arrependimento, irmão da culpa.
Intensa raiva, vem, mas chega com força, derrubaria uma árvore centenária, mas a mim cerra apenas os dentes, para me ensinar a sorrir enquanto me abraça com malícia pelas costas e me aperta o peito.
Vem comigo escorada feito ferido de guerra e me apressa o passo para leva-la a algum lugar, alguém que a cure, ou alimente. Ou quem sabe a assuste com uma raiva maior.
Insone raiva, perturba meu sono quando mais preciso dele, sopra em meus ouvidos palavras que queria esquecer, cenas que tento manter no passado, e quando vence, me fazendo acender a luz, me convida para um cigarro, fingindo a cumplicidade de quem também estava sem sono.
Anfetaminas, curvai-vos, nem a mais forte das doses atingiria os patamares de loucura da minha raiva. Nem seus efeitos colaterais: taquicardia, hipertensão, tremedeira, bruxismo, falta de apetite, náusea ou suadeira, nada me travaria tanto.
Psicótica raiva, me faz ver o invisível, escutar o que ninguém disse e o ranger de uma escada vazia. Desconfigura meu bom senso e minha imagem no espelho.
Vaidosa, cheia de atributos, não gosta quando a confundem. Ela não tem nada a ver com a violência ou qualquer outra bestialidade, e às vezes pode até ser positiva, pelo menos é do que tenta convencer quando se apossa de pensamentos, ações, e assina textos.
Mas sei o que a desafia e lhe ameaça a existência. O que a faz renunciar a todo sentido e a mais vaga lembrança de onde veio. Apátrida raiva, o humor te desnorteia, eu sei. Só ele, só ele pode ser maior nos momentos em que é inflada às custas de respiração acelerada.
Basta um vestígio de humor, basta sua sombra, sua sobra, sua obra, e a raiva volta para dentro de sua caixinha, desajeitada e descabida, como uma árvore de natal na sala no fim do mês de março.
Efêmera raiva, outro dia te vi indo embora cheia de vergonha numa mesa de café da manhã. Toda prosa, toda cheia de si, com poder de desviar olhares e amargar o café que já era amargo, vi quando um sorriso a lançou pelos ares em espiral, tal qual uma bexiga recém furada.
Eu sei que você volta, raiva, e não é sempre que consigo te controlar, mas o humor, primo irmão do amor, amante da alegria e pai das cores, está sempre aqui à sua espreita. Se liga...

sexta-feira, 19 de março de 2010

É da minha natureza

Tatu Bolinha. Onde foram parar esses graciosos artrópodes?

Gostava tanto das aulas de biologia que cheguei a ficar em dúvida se trabalharia com algo relacionado às ciências ou se sucumbiria à comunicação. Fiquei com a segunda opção, mas ainda guardo nesse baú infinito da minha memória, explicações incríveis sobre processos naturais que muitas vezes aplico à minha vida. Voltava pra casa depois da aula com aqueles termos esquisitos ecoando... fagocitose, pinocitose, gineceu, pedúnculo... E como é perfeito, pensava. Comecei acreditar mais em Deus durante as aulas, pois só assim seria possível a existência de movimentos tão bem orquestrados e elementos tão apropriados para cada coisa. É nisso que me apego quando questiono meu papel ou de outras pessoas em determinadas situações, longe de ser um pensamento conformista, mas lembro dos tais movimentos para acreditar que tudo tem um porquê e faz parte de um contexto maior, que nossa limitada visão de homo sapiens (bota aspas aí) não nos permite enxergar.
Enfim, uma das coisas que sempre me encantou é a diferença entre os pecilotermos e os homeotermos. Os pecilo são os sapos, lagartixas, cobras e outros bichinhos. A temperatura do corpo deles varia de acordo com o ambiente, então eles não sentem frio ou calor, porque essas sensações se dão da diferença da temperatura interna com a externa. Em compensação fervem e congelam mais rápido que nós e morrem disso, os pobres. Essa ausência de sensações deve tornar a vida um tanto monótona. Pro bem ou pro mal, não sentir é a pior possibilidade.
Já nós, o Tom Zé, os pôneis, o Chico Buarque, somos abençoados homeotermos. A nossa temperatura interna é sempre igualzinha e protegida de todas as inconstâncias. Mesmo quando gelamos ou fervemos, por dentro desfrutamos da tranqüilidade de homeotermos. Quando tudo fica confuso, amontoado, quando o tempo resolve ser impiedoso, quando me falta calma, bom senso, a classe, o juízo, lembro que aqui dentro está tudo na mais perfeita ordem. Quando me perco, me acho, quando a paixão me esquenta o peito, o ciúme ferve, quando sinto a pressão baixar, a voz aumentar, quando não acho a palavra, o jeito, quando rio na hora que não devia. Lembro que sou humana e homeoterma... E como isso é perfeito.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Tem que ser selado!


A Camilla, do blog camillapreta.blogspot.com, que escreve coisas interessantíssimas, me presenteou com esse simpático selinho (Obrigada, pretinha). O lado obscuro do selo é que ele é tipo uma corrente, e o esquema é assim: Eu deveria dizer sete coisas sobre mim e depois indicar sete outras pessoas para ganhar o selinho. Mas o Janelas de Marina é um blog democrático e esse lance de escolher sete pessoas me parece um tanto segregador, sei que muita gente bacana e produtiva passa por aqui e seria um desperdício.
Fica combinado assim: Quem quiser ornar o blog com o selinho é só pegar e dizer que fui eu que dei. E sobre as coisas que eu deveria dizer sobre mim, coloquei as primeiras que vieram na cabeça (ta vai, não foram as primeiras porque eu sempre penso bobagens cabeludas antes de qualquer coisa), enfim, não queria assumir grandes responsas com opiniões fortes ou alto-afirmações, tem hora pra tudo, hoje é sexta e eu to leve (leve como leve pluma, muito leve, leve pousa... Ah Secos e Molhados cai bem).
Todo mundo é bem mais do que a imagem que cria. Semana que vem tem texto quentinho (No frio eu volto da padaria bem abraçada com o saco de pão, pronto comecei!).


- Odeio salsinha.
- O Mussum, dos Trapalhões, frequentava minhas festinhas porque era namorado da minha tia.
- Tenho uma relação passional com meu travesseiro velho e faço rituais antes de dormir, já achei que fosse TOC.
- Não posso ver programas de animais, tipo da Discovery porque fico com dó dos bichinhos comidos e até choro. Quando vejo futebol fico com pena de quem perde, principalmente do goleiro.
- Quando criança fui de maiô pra escola, num dia que tinha que ir de fantasia, aleguei que estava de nadadora e as meninas todas de fadinha, bailarina... e eu lá com meu maiô da speedo. Numa outra ocasião, recortei da revista anéis, brincos e colares de uma propaganda de jóias, colei com cola pritt pelo corpo e fui pra escola também.
- Adoro MPB, rock, samba, indie, blues, mangue beat, jazz etc, mas no carro gosto de escutar rap. Não gosto de música eletrônica nem de corno, mas confesso que em outros carnavais eu bem que dancei uns axezões.
- Não uso salto alto porque já tenho 1.77 de altura. Mas às vezes coloco só pra ficar me sentindo foda.