Quem vem lá?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A namorada do Zé


Tom Zé, desolado

- Olá, muito lindas as suas fotos, tenho uma queda por branquinhas.
Respiro um pouco... Continuo:
- Eu sei que você mora longe, mas quem sabe não marcamos um encontro.
Cruzo os dedos, fico me gabando, acho que mandei bem.
- Sou super alto astral, carinhoso e serelepe, tenho olhos de jabuticaba.
Desculpa Tom Zé, agora dei uma exagerada.
Ao meu lado, Tom Zé, o boxer mais gostoso do mundo, abana o rabo e mal imagina que estou xavecando cachorras pelo Orkut na esperança que alguém se interesse em ajudá-lo a perder a virgindade. Acho isso um pouco triste. Mas estou empenhada. Não me sinto muito bem jogando conversa em outras fêmeas. Como algumas pessoas por aí, adotei um procedimento padrão: Adiciono, depois elogio as fotos, começo perguntar onde mora. Acho uma pena que não exista um lado subversivo do boborkut para os cachorros. Cachorras vadias com fotos mostrando o rabo ou as oito tetas. Cachorros com o batom pra fora. Seria tudo mais fácil. Mas não, as cachorras do Orkut são de família e eu tenho que ficar dando a maior migué pra arrumar uma namoradinha pro Zé.
Teve uma que eu quase me apaixonei. Trocamos muitos recados. Ela escrevia depoimentos com frases feitas e eu abraçava o Tom Zé na esperança de que finalmente ele havia encontrado uma parceirona para sexo casual e até quem sabe, futuro compromisso. Era boxer branquinha como ele, eu já imaginava os filhotes e me sentia meio boba por estar tão empolgada. Ele continuava ao meu lado, lambendo latas de sardinha, distraído a todas as bobagens alheias ao instinto.
Até que um dia ela apareceu namorando. E na página dela, muitos recados de outro cachorro. Fui tomada por uma raiva, uma dor de corno que não sabia explicar. Chamei o Zé: “Olha Tom Zé! Que vagabunda!” Ele abanava o rabo. “Não Zé, você acaba de sofrer sua primeira desilusão amorosa, entristeça-se!”. Na verdade quem tava inconformada era eu. Meu xaveco não funcionou. Coloquei Lupicínio Rodrigues pra rolar no som e abracei o Tom Zé. Pobre cão, nem uma cachaça pode tomar.
Agora fiquei menos seletiva. Por enquanto o contato mais íntimo dele foi com a veterinária. Sem o menor pudor, ela foi realizando o que seria o sonho de todo garoto virgem. Ele só se estrepou quando ela apareceu com um baita termômetro numas de medir temperatura.
É.... São os prós e contras da vida. Seja ela humana ou canina.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quem não rima aplaude o adversário


“...Drão! Os meninos são todos sãos,
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão...”

Nasci sob signo de capricórnio, com ascendente em áries, lua em touro, e pra quem prefere o calendário maia, meu Kim é Vento Cósmico Branco. A partir daí os aficcionados por pré- concepções já têm um prato cheio. Mas acho que às 11h50 do dia 26 de dezembro de 1982 outro fator foi mais forte na influência do que seria o começo da minha caminhada: O som que rolava no velho toca fita que meu pai levou pra entreter minha mãe. Era Drão, do Gil. Entre muitas coisas ditas no som e que me identifico muito, “não há o que perdoar” é a que mais me diz respeito. Se tem uma coisa que eu não gosto é pedir desculpas. Minha redenção (no sentido de se remidir e não religioso) se dá de outras maneiras.Também não gosto que me peçam. Dá um pouco de raiva e vergonha alheia. Todas as vezes que achei que deveria me desculpar - sim, porque o fato de eu não gostar de pedir desculpa não significa que eu não erro e muito (mesmo tentando evitar, de coração)- procurei mostrar com atitudes o meu gosto ou desgosto pelas coisas. O papo é outro e quem fica atento reconhece e troca, quem não reconhece fica achando que ficou algo por dizer. Mas não há. E nem vai ter. Sendo assim, quando reavalio as coisas, lembro com alegria algumas escolhas e lamento outras. Por outro lado, sei que tudo sempre aconteceu como deveria ser, porque eu sempre agi guiada pelo bem, pelo o que achava certo. E nunca me fiz de rogada diante do que acredito. Não acho que tudo vai dar sempre certo assim, apenas ajo com a verdade em relação às coisas que permeiam a minha vida. E a minha parte é essa.
Assim é pra qualquer âmbito: Trampo, amor, família, amigos. Não à toa, quando penso nas pessoas que passam pela minha vida, não tenho dúvidas de que faço, ou pelo menos tento, fazer o melhor em todas as situações, isso enche meu coração de amor e me faz olhar sempre adiante. Porque a porta da frente sempre será a minha saída.