Quem vem lá?

domingo, 29 de agosto de 2010

E não é que é mesmo um moinho?


Foto: Luciano Vicioni. Cansada, descabelada e muito, muito feliz. Essa foto me dá uma vontade de rir!

Como será o amanhã?
Responda quem puder
O que irá me acontecer?
O meu destino, será como Deus quiser.

("O amanhã", composição de Jorge Sérgio)

Enquanto escrevo observo a mala no meio da sala. Repenso mil vezes se não esqueci nada. Já quis esquecer muita coisa, mas não agora. Passei o dia sozinha, tenho andado bastante assim, nunca foi tão confortável.
Fiz um almoço gostoso, salada de grão de bico. Era o que eu estava a fim de comer. Combinei de encontrar uns amigos, mas antes resolvi sentar no quintal, ver o pôr do sol e tomar um café sem pressa, na companhia do Tom Zé, aquele tropicalista canino que divide o teto e as estrelas comigo. Porque era o que eu estava a fim de fazer. E tem sido assim, desfruto da mais doce liberdade.
Quando era mais nova adorava acampar, nunca voltava pra casa na data combinada. E liberdade era isso. Hoje liberdade é trabalhar com o que gosto; Poder decidir onde e com quem quero estar; Falar com meus pais e saber que são meus melhores amigos, nada cobram e não têm o que cobrar, apenas recebem com amor o que digo, fizeram bem a parte deles; e também, me deliciar na certeza de que conto comigo. Que nunca vou me colocar numa situação em que eu não esteja feliz, e muito menos deixar que me coloquem.
Amanhã estarei olhando para tudo isso a muitos pés de altura. Ansiedade se mistura à humildade. Humildade por saber que não controlo tudo e que por isso confio nos caminhos que se abrem. Ainda que em determinados momentos se mostrem sinuosos demais.
Se há três meses alguém dissesse como seria este meu domingo, jamais acreditaria. O que era incerto tornou-se certo. E a recíproca é verdadeira. O que era certo, referência, distanciou-se do que quero pra mim muito mais dos que os pés que estarei do chão amanhã.
Inversão que me tomou noites de sono... Até que o tempo passou a dar bons motivos pra tudo acontecer. Meu mundo, que já era grande, foi ficando ainda maior. E a força braçal para entender mudanças suaviza-se quando me dou conta que devo simplesmente fazer a minha. Não perder de vista o que acredito (essência, nego) e de resto, exercitar flexibilidade e fé. Fé em Deus, na vida, nas pessoas, no amor. E no destino.
A vida não está numa planilha do Excel, e, realmente, nada que se passa hoje era planejado. Logo mais essa mala enorme que atrapalha o caminho no chão da sala será coadjuvante de momentos especiais na Áustria e eu juro que quero muito, muito mesmo, saber o que vem depois.
Em meio a roupas, uma nècessaire gigante, documentos, livros, está um charmoso caderno de capa florida pintada à mão, que ganhei de presente. Nele vou escrever sensações que no futuro serão deliciosas lembranças, elas me farão companhia se acaso o moinho girar novamente. E gira... E aquele abraço pra quem fica!