
Tudo tem uma cronologia previsível para acontecer. Um dia você conhece alguém legal e passa a noite toda dando bons motivos praquela pessoa achar que encontrou o amor da vida dela. Ele ri de qualquer bobagem que você fala, acha seu cabelo bonito, suas unhas bem feitas e alguma graça no jeito que você dá risada. Tudo poderia permanecer nesse estado de intervalo entre o salto e o mergulho, mas não, as coisas mudam e tudo vira um jogo, onde ninguém quer dar o braço a torcer, demonstrar fraquezas. Ninguém conta que acordou no maior cagaço no meio da noite, com medo da pessoa querida morrer, depois de um pesadelo em que ela caía de um avião, empurrada por um palhaço. Aí um dia você cansa. Cansa de ficar dando bons motivos diariamente praquela pessoa acreditar em você, de se sentir uma monstra cada vez que não consegue ser uma pessoa melhor, mais sincera, menos orgulhosa, menos boca suja, menos bêbada, etc. Aí você se recolhe e segue pela vida com mestre Cartola ao fundo, dizendo que de cada amor tu herdarás só o cinismo. Crê que está fazendo a coisa certa, e lembra que a pessoa assoviava pelo nariz pra respirar, fazia barulho pra comer, tinha a meia furada e que você se livrou de uma. E como isso é cínico.
Até que um dia você conhece outra pessoa, ou reencontra a mesma, e começa tudinho de novo. Um eterno de javu, música no repeat, Gene Wilder estrelando “Dama de Vermelho” na sessão da tarde. Ou não. Ou você pode tentar o caminho da verdade. Uma grande pessoa me ensinou esse termo, que consiste em não fazer jogo de cena, deixar de cara as máscaras de lado e correr o risco de se mostrar exatamente como você é: preguiçoso, beberrão, repetitivo, ciumento, sonâmbulo, sei lá o quê. Isso seria não correr o risco dos velhos maus hábitos se potencializarem com o tempo, e sobressaírem sobre as coisas boas. Seria poupar que ali na frente, bem daqui a pouco, uma discussão babaca por uma opinião negativa sobre um amigo, sobre um rango, sobre o filme, gere um arranca-rabo daqueles e acabe de uma vez com seu domingo. Tentar o caminho da verdade é não fazer a linha, é agir com o coração sempre, admitir-se humano, sofredor feito um corintiano, cheio de defeitos e vontade de dar certo. E eu quero tentar.
Até que um dia você conhece outra pessoa, ou reencontra a mesma, e começa tudinho de novo. Um eterno de javu, música no repeat, Gene Wilder estrelando “Dama de Vermelho” na sessão da tarde. Ou não. Ou você pode tentar o caminho da verdade. Uma grande pessoa me ensinou esse termo, que consiste em não fazer jogo de cena, deixar de cara as máscaras de lado e correr o risco de se mostrar exatamente como você é: preguiçoso, beberrão, repetitivo, ciumento, sonâmbulo, sei lá o quê. Isso seria não correr o risco dos velhos maus hábitos se potencializarem com o tempo, e sobressaírem sobre as coisas boas. Seria poupar que ali na frente, bem daqui a pouco, uma discussão babaca por uma opinião negativa sobre um amigo, sobre um rango, sobre o filme, gere um arranca-rabo daqueles e acabe de uma vez com seu domingo. Tentar o caminho da verdade é não fazer a linha, é agir com o coração sempre, admitir-se humano, sofredor feito um corintiano, cheio de defeitos e vontade de dar certo. E eu quero tentar.