Quem vem lá?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A apneísta


Silêncio gera reações um tanto controversas. Aproxima, afasta, une, confunde, constrange. Em silêncio os pensamentos se exaltam e nos impulsionam a ações. Ou paralisam. Duas pessoas em lados opostos de um campo de futebol podem se ouvir se o silêncio for absoluto, ao passo que o mesmo silêncio tem a força de criar um campo de futebol entre duas pessoas a menos de um metro de distância.
Silêncio constrói e destrói pontes, dá chance pro acerto ou abre alas pro erro. Ficar à vontade em silêncio diante de outra pessoa é cumplicidade e entendimento, delícia poder poupar palavras. Mas às vezes elas faltam à boca enquanto falam alto ao coração e eu não conheço onde abaixa o volume.
A renúncia das palavras infla de poder os outros sentidos, olhos e mãos se procuram, ou entram num processo de repulsa, dependendo do motivo que afugenta a voz. Silêncio é o embarque para uma viagem interior. E a passagem é para um só. Tirar alguém dessa viagem só é possível se a vontade de voltar vier de quem partiu. Mais fácil quebrar uma pedra do que o silêncio. Não há força que o quebre. Silêncio às vezes pesa, sai do peito e vai embora com o choro. E chorar em silêncio antes de dormir é proporcionalmente alivi a dor quanto vomitar quando se está bêbado.
Não se deve temer o silêncio, muitas vezes ele mostra mais do que as mais belas palavras e em algumas situações é a única saída. Fraquezas e virtudes gostam de curtir um romance proibido no escurinho do silêncio. Ponderação dança com o orgulho enquanto o rancor une-se à vontade de dizer que amo demais alguém. Um grande baile da vassoura atrás de uma lona chamada silêncio. Sem música.

16 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

o silêncio e a solidão são belos companheiros, ajuda a se auto-conhecer com certeza, demorei pra cair na real que vieram e vêm apenas para o meu intento e não contra ele...

Carol disse...

“Um grande baile da vassoura atrás de uma lona chamada silêncio”. Nossa Má, como você pensa nessas coisas? Vc faz umas comparações que nunca vi alguém fazer, fica tão claro, vc se expressa muito bem. Muito bem. Lembrei dos bailinhos que eu ia, KKKK. Bem que reparei que vc ta mudinha, que estranho! Volta Mááá!! KKK. Texto intenso esse. Leve, e intenso. Já li duas vezes, não me conformo com essa frase do balinho, do romance proibido entre os sentimentos. Que menina cheia de imaginação!
Bjoka Má!

Carol disse...

Adimito: dei um google pra achar o que era apneísta e descobri que é quem prende a respiração. Achei que vc tava falando de ronco! KKKK Ai Marina, vejo lâmpadas em cima da sua cabeça igual nos desenhos... Bom, resolvi escrever aqui de novo.
Bejoka parte dois!

Fernanda Lucia disse...

Que linda! Vc e sua sensibilidade usada no papel me faz como sempre me surpreender sem se surpreender de verdade,rsrs...pois vindo de vc é de se esperar tais pensamentos, palavras e sutilezas!
Parabéns!!!
Muitos beijos da sua fã
Ferdinha

Luciana Lindemann disse...

Maravilhoso!
Tem uma música que fala "You know sometimes when I hold you in silence I listen real close
Then I hear you talking to my soul"
Essa frase sempre me tocou muito. Ê impressionante como o silêncio diz tanto dos outros e de nós mesmos...incontrolável...

Diário de um Louco disse...

opa ...o primero du ano???muito bom!!!
pow ...como dizia um pensador romano cujo nome naum me lembro!!
"...o silencio oportuno é mais eloquente q o mais caloroso discursso.."
gostei principalmente do fim....
la estao residuos da mais pura poesia!!!
keep going..

Unknown disse...

A velha e boa voadora nas costas de menina marina. Tava com saudade.
Quando tu começa falar das coisas que sabe, que sente, com essas palavras que são só suas, o que resta a nós, pobres mortais, ficar em silêncio, claro.
amo vc mazinha. saudade da sua tranquilidade de mulher pra falar de todas essas coisas.

Marques, Dalton. disse...

Que sensibilidade, moça!!!
Maravilhosooooooooo o texto. Me faz imaginar o quanto a pessoa é maravilhosa.

Parabéns!
i'll follow you.

Unknown disse...

Isso é Marina Nabarrete Bastos. Deixa de cara.

Anônimo disse...

Analogias perfeitas, escritora.
Bj, jah blass u

Brisa Campos disse...

Oi Marina!

Fiquei muito feliz por seu comentário no meu post.

E não vim aqui apenas para retribuir. Vim para dizer que seus textos estão em toda parte. No meu profile do orkut, na minha agenda...

E esse aqui, "A apneísta" é meu favorito. E olha que já li muitos.

Abraço!

Brisa.

Marques, Dalton. disse...

Marina...

queria conhecer-te!

tuas palavras me enlevam.

Camilla Dias Domingues disse...

vc ganhou um selo... pode colocá-lo no seu blog.

as regras do jogo estão nessa postagem no meu blog, vale pela brincadeira e o selo é singelo, vamos não corte a brisa, vai ser legal.

http://camillapreta.blogspot.com/2010/02/selo.html

beijos no coração.

Luciana Lindemann disse...

Te admiro muito garota! E o seu texto bateu fundo. Você consegue colocar em palavras o sentimento de uma forma impressionate. Sou sua admiradora!

Abraço!
Lu

Carol disse...

Cadê meus comentários, Mazinha?

Anônimo disse...

vc tem twwitter, face, orkut? divulga aqui pra poder te achar?