Quem vem lá?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Era dos extremos

Foto: Anna. Vienna/2010
O olho por fora, o dente por dentro
Meu riso na cara do tempo
O olho por dentro, o dente por fora
Meu riso na boca do vento
(Depende- Mpb4)
31 de dezembro de 2009. Era a primeira vez que não passaria o ano novo na praia, fechar esse ciclo sem pular sete ondas e sem emporcalhar o mar com mais uma rosa era desanimador. Mas estava prestes a entender o que era fechar ciclos de verdade, e pra isso não havia rituais e nem hora marcada.
Saia branca e blusinha laranja. Gosto dessa cor, dizem que tem a ver com fertilidade. Chuva, fogos, pessoas. Acendi uma vela pra Yemanjá e a enfiei com dificuldade na grama. Rezei, agradeci, pedi proteção e discernimento. Logo a brincadeira do destino começaria.
01 de janeiro de 2010. Sensação de que a vida simplesmente continuava, e seria essa a premissa que me guiaria pelos próximos 365 dias. Amostra grátis, comecei no lucro.
Longe de querer fazer essas retrospectivas que só gente insone acompanha, digo apenas que daí pra frente experimentei dicotomias.
Morri de água na boca e por outras vezes engoli a seco. Tentei achar palavras ideais, perdi a voz. Tive muita saudade, quis esquecer, mas acabei lembrando. Uma vez, dentro do carro, roubaram minha fé. E num assalto, roubaram o carro.
Pensei demais. Pedi a Deus para parar de pensar. Pedi a Deus pra não deixar de acreditar. Sonhei acordada, vivi sonhos. Nunca tão magrela, cintos no último furo. Nunca tão gostosa, calças apertadas e risos de açúcar cristal. Vontade de dormir não e acordar, por outras vezes insônia, anotando planos, listas. Não posso esquecer meu caderno de capa florida. Não posso esquecer quem eu era antes de tudo.
Senti-me largada à própria sorte. Senti-me a mulher mais sortuda do mundo! Tive vontade de agradecer a quem me mostrou a cara da mentira. Obrigada por me mostrar o quanto sou forte. Olhei-me no espelho e pedi calma. Olhei de novo e me vi mulher.
Brochei, perdi o tesão. Por outras vezes o coração disparou, euforia. Senti- me molhada até as coxas. Aceito mais uma taça.
O mesmo caminho a pé todos os dias de manhã. Os pés tocando solos onde jamais imaginei estar. Num dia injustiça, no outro gratidão. Cheguei onde queria. Aprendi querer mais.
Passei raiva, passei por isso. Chorei de cansaço. Chorei de rir.Achei que o tempo parou pra mim. E quando me dei conta já era dezembro. O último mês do ano mais intenso que vivi. Cada minuto, mortes e renascimentos, gostos e desgostos. Mais gostos. Gosto de lembrar o que passou. Escolho o que trago comigo. Gosto da cumplicidade, de pensamentos que são só meus, de risos alegres e tristes que deixo escapar quando ninguém vê. E gosto de amarelo. Esse ano novo passarei com um vestidinho amarelo.

15 comentários:

CristalHui disse...

e pensar q isso tudo foi só uma página... :) pra frente, sempre, vou com vc!

Vinicius Alves disse...

Muito bom...

Espero que não demore tanto a escrever o próximo. Já que não a temos no Pastilhas, que pelo menos escreva por aqui com mais frequência, por favor...rsrs

Tenha um ótimo 2011...

Unknown disse...

Adoro seus textos Má, sou seu fã mas acho que sou suspeito pra registrar isso ... Escreva mais para nós ... Bjs VINI

Bruna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Aleuia Aleuia Aleeeluuuiaaa!!!
Três meses sem escrever no blog. MARINA NABARRETE BASTOS FICOU TRÊS MESES SEM ESCREVER E SEM DAR NENHUMA SATISFAÇÃO PROS LEITORES DELA.
Acabei de falar isso pra ela e sabe o que ela respondeu?? O Blog é meu eu faço como eu quiser.
Malona!
Ai Mazinha, tô tão emocionada , juro que qdo vi que tinha coisa nova fiquei meio em choque, li o texto umas três vezes.
Não consigo nem comentar ele! hahahaha te amo te amo te amo porra! Que foto hein? Quem é Anna que eu tô morta de ciume?

Joana Latino Americana disse...

Eita Marina, que saudade desse texto gostoso, que nem você!!!!
Eu tenho um palpite pra o ano que vem: vou estar mais carente do que nunca e grudar na barra da sua saia amarela pra compartilhar ainda mais dessa sua energia dicotomica e completa!!!
Beijos

Anônimo disse...

Engraçado, comprei aquele caderno florido para escrever sobre artes e algumas poesias. Ele é muito bonitinho, merecia. Ontem peguei nele e tinha anotações sobre artes, poesias, rabiscos, um desenho legal, várias listas (filmes, supermercado, contas, músicas), uns telefones, uns desabafos. É assim mesmo, fazemos planos pra desfazê-los. Encara quem tem coragem.

Ganhei você!

Carol

MARCELO MENDEZ disse...

Eu gosto demais da singeleza que vc trata assuntos corriqueiros, como casa, familia, dia-a-dia. Adoro ver que isso facilita as coisas quando vc fala de Amores, paixões, ilusões, desilusões. Tudo com vc é ludico é lirico, os textos tem uma métrica perfeita e deliciosa de ler e se perder nas tuas letras. Um doce consolo pros menos afortunados que não podem se perder no xen nehein nehein de suas ancas...

um beijo proce

Camilla Dias Domingues disse...

a vida é feita disso tudo e mais um pouco, viva a vida, viva a vida!

Rodrigo disse...

Perdeu a fé e o carro. Ainda bem que recuperou os dois né minha linda?
Tão perfeito o jeito que tu relata as coisas nque acontecem, até qdo fala de algum perrengue, td parece a anos luz do seu sorriso lindo.
Esse texto me deu ânimo. Vontade de pagar pra ver na vida, entende.
obrigado.
Bjs Digão

Fernanda Lucia disse...

Má, demais o seu texto, demais vc!
TE AMO e que venha 2011!!!

Anônimo disse...

Má, deixa as reportagens de lado um pouco e mata no0ssa saudade das suas crônicas... por favor??

Sarah

Marques, Dalton. disse...

Eu to apaixonado por vc faz tempo.

Diário de um Louco disse...

massa o texto cronista...cada vez mais cheio de estilo e poesia!!axézao Má vê se num demore a escrever!!!

CristalHui disse...

e ai, vai escrever mais aqui? rs um beijo minha querida