
- Jaca! - Jacagay!!
Certa noite perdida na minha vasta lista de noites memoráveis fui ver o pai de uma amiga tocar com sua banda de jazz. Sonzeira. O cara, que ostenta o insosso cargo de “representante comercial”, nas horas vagas arrebenta no contra-baixo. Por pura sacanagem da molecada da minha rua, o apelido desse grande artista é Cotonete. Seu Cotô, figura lendária, tem a cabeça bem branquinha, como algodão.
Conforme as luzes do palco mudavam de cor, a cabeça do Cotô mudava junto. Verde, azul, vermelho, era lindo. Quando, numa onda meio flash dance, o globo de luz girou em várias cores, seus cabelos assumiram uma apoteótica dança de bolas multicoloridas. Pronto, não prestei mais atenção na música e algo me trazia a nostalgia de antigos e bregas abajures que tinham umas coisas que imitavam chafarizes e iam mudando de cor.
Algumas pessoas são como a cabeça do Cotô. Assumem a cor do que as ilumina no momento. E vão além, adquirem nova sombra, nova áura, porque não possuem nada disso, apenas emprestam daquilo que se põem diante delas. E depois partem para o próximo e previsível passo, o de propagar feito ecos discursos alheios, ancoradas naquilo que também não possuem, história.
Como pedras de gelo, sem cor, sem sabor, sem calor, assumem a forma do ambiente onde são colocadas. Assumem gosto e estado físico. Gelos feitos com água de torneira... vão bem com vodka vagabunda e Jurupinga em bares de esquina, onde são despejados depois do último gole, talvez no próximo copo, menores do que já são, antes que a lucidez se aproxime e nos faça ver a luz do sonho se apagar com a luz do dia.
Difícil saber diante de quem estamos, porque nesses casos fala-se com rastros de outras coisas, do diabo apenas o rabo. Vê-se à beira de um abismo profundo e vazio perguntando: Tem alguém aí? (aí, aí, aí...), e o que volta é sua própria voz, seu jeito, o melhor e o pior de você.
O Seu Cotô passou Grecin 2000 no cabelo e saiu pela rua tal qual um Assum Preto, mas aí perdeu a graça, tem coisas que precisam se mostrar como são, quando são sinceras até causam um fundinho de admiração.
Conforme as luzes do palco mudavam de cor, a cabeça do Cotô mudava junto. Verde, azul, vermelho, era lindo. Quando, numa onda meio flash dance, o globo de luz girou em várias cores, seus cabelos assumiram uma apoteótica dança de bolas multicoloridas. Pronto, não prestei mais atenção na música e algo me trazia a nostalgia de antigos e bregas abajures que tinham umas coisas que imitavam chafarizes e iam mudando de cor.
Algumas pessoas são como a cabeça do Cotô. Assumem a cor do que as ilumina no momento. E vão além, adquirem nova sombra, nova áura, porque não possuem nada disso, apenas emprestam daquilo que se põem diante delas. E depois partem para o próximo e previsível passo, o de propagar feito ecos discursos alheios, ancoradas naquilo que também não possuem, história.
Como pedras de gelo, sem cor, sem sabor, sem calor, assumem a forma do ambiente onde são colocadas. Assumem gosto e estado físico. Gelos feitos com água de torneira... vão bem com vodka vagabunda e Jurupinga em bares de esquina, onde são despejados depois do último gole, talvez no próximo copo, menores do que já são, antes que a lucidez se aproxime e nos faça ver a luz do sonho se apagar com a luz do dia.
Difícil saber diante de quem estamos, porque nesses casos fala-se com rastros de outras coisas, do diabo apenas o rabo. Vê-se à beira de um abismo profundo e vazio perguntando: Tem alguém aí? (aí, aí, aí...), e o que volta é sua própria voz, seu jeito, o melhor e o pior de você.
O Seu Cotô passou Grecin 2000 no cabelo e saiu pela rua tal qual um Assum Preto, mas aí perdeu a graça, tem coisas que precisam se mostrar como são, quando são sinceras até causam um fundinho de admiração.